sábado, 28 de dezembro de 2013

Comentário de Leandro Roque sobre "Salários" e "Lucro" (27/10/2011)

"... a questão dos salários é interessante porque ela expõe o real conhecimento econômico de um debatedor, separando quem discute economia de quem se limita a fazes meros apelos emocionais.

Em primeiro lugar, é uma impossível uma empresa pagar altos salários quando 70% de todo seu rendimento é tributado. No Brasil, por exemplo, sobre a receita bruta incidem PIS e COFINS. E depois, sobre o lucro restante incidem a CSLL e o IRPJ. Além destes impostos, há também os encargos sociais e trabalhistas sobre a folha de pagamento. E estamos apenas na esfera federal. A essa sopa de letras acrescente também o ICMS (estadual) e o ISS (municipal).

Dados Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário indicam que uma empresa paga tributos equivalentes a 70% do lucro obtido nos negócios -- isso é recorde mundial.

É impossível haver uma grande acumulação de capital desta forma. Lucro que poderia ser reinvestido na compra de bens de capital modernos, que aumentariam a produtividade dos trabalhadores -- e, consequentemente, seus salários -- é confiscado pelo governo e desperdiçado no sustento da burocracia e no salário de seus parasitas. A atividade governamental é destruidora de capital. Ela impede o enriquecimento de empresas e trabalhadores.

O Brasil não pode virar uma Alemanha por meio de um simples decreto governamental que estipule salários, como muita gente acha. Para que o Brasil pague salários de primeiro mundo, antes é preciso acumular capital. E para acumular capital, é preciso investir. E para investir, é preciso poupar. E para poupar, é preciso trabalhar. E para que a economia faça tudo isso, o governo não pode atrapalhar, não pode obstruir a livre iniciativa e não pode confiscar capital acumulado.

Qualquer discussão que não se atenha a estes fatos é mera espuma."